Camponesas Assassinadas na Lunda-Norte

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Visalta Kuricanza Paulo Muacahia, de 57 anos, encontrou a morte, ontem, quando labutava na sua lavra na margem do Rio Tafe, em Cafunfo, município do Cuango, província da Lunda-Norte. É a mais recente vítima de uma onda de homicídios contra camponesas na região.

Um dos seus filhos, Costa Oliveira, explicou ao Maka Angola que a mãe, como era habitual, saiu de casa por volta das 5h00, e dirigiu-se à lavra na companhia de outras camponesas, cujas lavras se encontram localizadas na mesma área. O regresso, como era rotina, deveria ter acontecido entre as 15h00 e as 16h00. A demora e o facto de as vizinhas terem retornado a tempo precipitou os filhos a procurá-la. À meia-noite, encontraram o seu corpo nas redondezas da lavra. “A mãe apresentava sinais de queimadura ou mutilação, no rosto e nas pernas”, disse Costa Oliveira. A finada deixa cinco filhos.

Algumas testemunhas que acompanharam a busca e remoção do corpo informaram o Maka Angola de que haviam encontrado o corpo da camponesa sem roupas, amarrado de forma macabra e com sinais de excisão nos genitais.

Informações ainda por confirmar dão conta da morte de uma outra camponesa na passada segunda-feira.

A 7 de Maio passado, a camponesa Aida Sanehena, de 47 anos, teve o mesmo destino. Foi à lavra, na área de Tximango, em Cafunfo, por volta das 6h00. À hora habitual de regresso à casa, entre as 15h00 e as 16h00, os filhos notaram a sua demora. Três deles, Arlindo, Viagem Benjamin e Jordão Lucas, fizeram-se acompanhar de mais sete familiares e foram procurá-la na lavra. Encontraram-na enforcada. Como parte do ritual dos assassinos, o seu corpo tinha sido queimado.

Aida Senehena deixou órfãos sete filhos. O viúvo, Benjamin António, é agente da Polícia Nacional.

Quase todos os crimes de homicídio contra as camponesas têm ocorrido em lavras situadas nas cercanias da zona de concessão diamantífera da Sociedade Mineira do Cuango.

Activistas locais têm sido céleres a fotografar, documentar e denunciar esses casos. Tanto as autoridades locais como a Polícia Nacional pouco ou nada têm feito para estancar essa onda de crimes hediondos. A agricultura de subsistência é a principal actividade de sustento da maioria das famílias na região, juntamente com o garimpo.

Para além dos funcionários públicos, os projectos diamantíferos empregam apenas algumas dezenas de pessoas, e o sector privado limita-se ao comércio precário.

Visalta Muacahia é a última vítima de uma onda de homicídios contra camponesas na região do Cuango.

Visalta Muacahia é a última vítima de uma onda de homicídios contra camponesas na região do Cuango.

O corpo de Visalta Muacahia apresentava sinais de queimadura ou mutilação no rosto e nas pernas

O corpo de Visalta Muacahia apresentava sinais de queimadura ou mutilação no rosto e nas pernas

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Aida Sanehena, uma outra camponesa assassinada na área de Cafunfo, foi morta e queimada a 7 de Maio.

Aida Sanehena, camponesa assassinada na área de Cafunfo, foi morta e queimada a 7 de Maio.

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